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Foto: CBF divulgação |
Os clubes da Série A do Brasileirão deixaram a reunião na
sede da CBF, nesta segunda-feira, satisfeitos. Em evento com a participação do
presidente Marco Polo Del Nero, onde o Corinthians foi o único ausente, ficou estipulado que eles terão maior autonomia
da organização das competições daqui para frente, com poder de decisão no
Conselho Técnico. A mudança no estatuto da confederação será votada em
assembleia na próxima quinta-feira e a tendência é de aprovação. A limitação de
mandato, com apenas uma reeleição, e uma nova forma de escolha de vice-presidentes
também estarão na pauta.
No encontro foi Medida Provisória
671 - conhecida como MP do Futebol ou Profut -, que renegocia as dívidas dos
clubes com a União, estimadas em R$ 4 bilhões, em troca de contrapartidas. Uma
nova reunião está marcada para sexta-feira, também com os 20 participantes da
Série A, para tratar exclusivamente deste assunto. No evento desta segunda,
ficou decidido ainda a criação de uma comissão permanente dos clubes, composta
por Atlético-MG, Atlético-PR, Flamengo, Vasco, Coritiba, Grêmio, Corinthians,
Sport e Santos.
Presidente do Vasco, Eurico Miranda celebrou alteração no
Conselho Técnico e revelou que cada série do Brasileirão terá um grupo formado
por seus participantes:
- A maior conquista, no meu entendimento, é o fortalecimento
do Conselho Técnico. Tem um dispositivo no estatuto que o Conselho Técnico
trata da organização, preço de ingresso, mas tem um adendo, que diz: sujeito a
aprovação da CBF. Isso vai ser retirado. O Conselho Técnico vai poder decidir.
Não sei porque tem esse negócio de ser liga ou não. Os clubes que decidem e não
interessa se é liga, pinga ou diga. Não é preciso criar uma associação
paralela. São clubes com voto igualitário.
Não sei porque tem esse negócio de ser liga ou não. Os clubes que decidem e não
interessa se é liga, pinga ou diga. Não é preciso criar uma associação
paralela. São clubes com voto igualitário
Eurico, sobre o poder dos clubes no
Conselho Técnico da CBF
O vascaíno falou ainda das explicações dadas por Del Nero a
respeito das acusações levaram seu antecessor, José Maria Marin, para cadeia,
na Suíça. Nesta terça-feira, enquanto os clubes participam de uma reunião no
senado, o presidente da CBF também irá a Brasília para prestar esclarecimentos
na câmara dos deputados sobre o escândalo de corrupção na Fifa.
- Ele fez o relatório do que se passou e que está pronto
para apresentar quando for convocado. Vai apresentar toda documentação
necessária. Eu não senti nenhuma intenção disso (renúncia) - disse Eurico.
O presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, tratou a
mudança no estatuto como um primeiro passo para criação de uma liga para gerir
o futebol no Brasil futuramente.
- Com isso, os clubes passam a ter o comando total da
disputa do campeonato. É um embrião da liga, um começo. É um degrau
intermediário. Fórmula, tabela, horário, regulamento, arbitragem, tudo. Tudo os
clubes passam a fazer. Podemos mudar toda estrutura do futebol brasileiro.
Depois da mudança do estatuto, o Conselho Técnico vai se reunir para começar a
projetar o campeonato de 2016. Por conta do estatuto do torcedor, qualquer
eventual mudança só acontecerá a partir de 2017 ou 2018.
Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, foi outro
que comemorou o fato de os clubes terem maior poder no Conselho Técnico. O
rubro-negro, por sua vez, demonstrou estar mais preocupado com a questão da MP.
- (O Conselho Técnico) É para definir todos os detalhes que dizem respeito aos
aspectos técnicos dos campeonatos. Neste sentido, os clubes vão ter um maior
poder. É uma valorização dos clubes, mas 90% do tempo foi
para falarmos da MP 671. A questão de liga não foi discutida e não é o caso.
Secretário-geral da CBF, Walter Feldman ironizou qualquer
relação que a mudança do estatuto com a criação de uma liga. De acordo com o
dirigente, os clubes, que passam a ter maior autonomia na organização de
campeonatos, sempre tiveram livre acesso na gestão Del Nero.
- Essa ideia da liga é uma coisa mística e mágica, como se
tudo fosse ficar lindo, salvador. Na cultura brasileira, não é esse o fato. A
CBF hoje é uma estrutura aberta, com intensa participação dos clubes.
Feldman se mostrou ainda favorável a alterações no
processo
eleitoral da entidade. A limitação de mandato para somente uma reeleição
está na pauta da assembleia de quinta e a tendência é que o
processo de escolha dos vices também.
- É necessário criarmos um mecanismo estável para que o vice
seja escolhido pelos próprios vices no caso da substituição. Essa coisa de
decano, do mais velho, é uma ideia do passado e nos remete até a ditadura
militar. É um processo de modernização. A mudança é sempre bem-vinda.
Atualmente, não há restrição para reeleições e a CBF conta
com cinco vice-presidentes, que representam cada região do Brasil. O grupo, capitaneado por Del
Nero, assumiu a CBF em abril deste ano.
Por Globoesporte.com
Rio de Janeiro