Novo atacante do Zenit entra no segundo tempo e faz o gol da vitória por 1
a 0 sobre a África do Sul. Técnico e Neymar são principais alvos da torcida
O triunfo não apaga uma tarde que a Seleção gostaria de esquecer. A
pressão da torcida paulista no estádio do Morumbi foi enorme. Mano
Menezes foi o principal alvo, mas sobrou até para Neymar,
principal jogador brasileiro da atualidade, acusado de "pipoqueiro" e
vaiado ao ser substituído já aos 44 minutos do segundo tempo. Leandro
Damião, então, jogou sob gritos de Luis Fabiano.
Talvez um dos únicos poupados pela torcida tenha sido Lucas, que teve
uma atuação tão apagada quanto a dos seus demais companheiros. Mas
quando ele foi substituído por Jonas, o clima esquentou para Mano. O
técnico verde e amarelo foi chamado de burro e ouviu, assim como Dunga
certa vez em Belo Horizonte, um "Adeus, Mano". O ambiente hostil
melhorou um pouco após o gol, mas norteou a partida.
Passada a turbulência em solo paulistano, a seleção brasileira embarca
esta noite para o Recife, onde na segunda-feira, às 22h (de Brasília),
encara a China, no estádio Arruda. A partida terá transmissão ao vivo da
TV Globo, do Sportv e do GLOBOESPORTE.COM, que também acompanhará em
Tempo Real.
Desde o hino nacional, ouvido com frieza pelos paulistas, o clima era
de desconfiança. Com a bola rolando, esse ambiente só se confirmou. A
cobrança, aliás, começou cedo. Bem cedo. Logo aos sete minutos, depois
de tentativa frustrada de Leandro Damião dar passe de letra na
intermediária, boa parte da torcida começou a gritar o nome de Luis
Fabiano, atacante do São Paulo. A cena se repetiu aos 11 minutos.
No mesmo minuto, por sinal, a África do Sul teve a melhor chance do
jogo. Não fosse Diego Alves, os Bafana Bafana teriam aberto o placar.
Gaxa recebeu na direita da grande área, avançou e bateu fraco. O goleiro
do Valencia fez a defesa. Nervosos, os brasileiros apelaram para
entradas mais duras. Tiveram de ser contidos com cartões amarelos,
mostrados para Dedé e Marcelo.
A resposta da seleção brasileira ao bom momento da África do Sul foi
num raro lance de inspiração. Na verdade, numa jogada de oportunismo.
Aos 16, Neymar bateu falta cruzada para área, e Dedé cabeceou forte.
Khune fez grande defesa. Com seu quarteto ofensivo apagado (Oscar,
Lucas, Neymar e Damião), o Brasil dependia do individualismo. Mas nem
assim teve jeito. O primeiro tempo foi mesmo de irritar o torcedor.
Nada insinuante, a Seleção voltou a levar perigo para África do Sul aos
42, quando Neymar finalizou após cruzamento da direita e consagrou o
goleiro Khune, que defendeu com o peito. Já era tarde. Neste momento
quem contava com o apoio vindo das arquibancadas eram os Bafana Bafana. O
toque de bola sul-africano era acompanhado de "olé" dos paulistanos.
Para o Brasil, sonoras vaias após o apito final.
- Não temos que nos preocupar com a torcida, sabemos que vamos jogar
aqui e eles vão cobrar. Temos de ter personalidade para jogar aqui,
mesmo a torcida não nos dando apoio. Não podemos nos desesperar - disse
Daniel Alves à TV Globo no intervalo.
Dia de super-heroi: Hulk garante a vitória
Quem não viu o começo de jogo e não percebeu que o Brasil estava
jogando de azul, certamente deve ter torcido por engano pela África do
Sul no começo do segundo tempo. Muito embora Lucas tenha começado a
etapa final com boas jogadas individuais, o time sul-africano deu
trabalho para a defesa brasileira.
Faltou bem pouco, aliás, para que os Bafana não abrissem o marcador
logo nos primeiros cinco minutos. Parker fez ótima jogada pela direita,
deixou David Luiz para trás com lindo corte e cruzou. A bola só não
encontrou o atacante do outro lado da área porque Dedé chegou a tempo de
tirar a bola para escanteio.
A pressão sul-africana serviu ao menos para dar um choque na seleção
brasileira. Passado o sufoco, o time deixou a tática de lado e partiu
para o individualismo. Primeiro com Oscar, depois com Lucas, mais
adiante com Neymar e também com Damião. O quarteto, que Mano não quer
que chamem de mágico, enfim, apareceu.
Com toque de lado, muita firula e pouca objetividade, a pequena
evolução da Seleção apenas iludiu o torcedor, que voltou a gritar o nome
de Luis Fabiano no momento em que Mano Menezes colocou Hulk na vaga de
Leandro Damião. Visivelmente abatido, o técnico da Seleção aproveitou
uma parada no jogo e passou instruções a Neymar.
Sem espaço, o craque do Santos parecia não estar em um dos seus
melhores dias. Mas jogador decisivo muitas vezes surpreende, como Neymar
mesmo fez ao bater falta aos 25 minutos e obrigar Khune a fazer outra
ótima defesa. Quando a torcida parecia começar a fazer as pazes com a
Seleção no jogo, Mano sacou Lucas.
O meia-atacante do São Paulo, protagonista antes da partida, teve
atuação realmente discreta. Mas a torcida não perdoou sua troca por
Jonas e chamou Mano de "burro". Em seguida, repetiu o primeiro tempo e
gritou "Adeus, Mano". Mas se o anjo da guarda do técnico não estava
presente, seu super-herói estava: Hulk.
Em seu terceiro jogo oficial em solo brasileiro (tinha feito dois pelo
Vitória quando atuava no país), o atacante do Zenit, que o comprou ao
Porto por R$ 141 milhões, apareceu para dar a vitória à seleção
brasileira. Depois de dar passe para David Luiz na esquerda, ele
apareceu para pegar o rebote do chute e estufar as redes aos 29.
Melhor para Mano, para os jogadores e para a torcida, que compareceu em
grande número (51.538 pessoas). Já aos 44, o técnico tirou Neymar para a
entrada de Arouca. O camisa 11 saiu sob os gritos de "pipoqueiro". Na
próxima terça, será a vez de Recife receber a Seleção contra a China.
Mais um teste para a popularidade do treinador e do craque em casa.
Diego Alves; Daniel Alves, David Luiz, Dedé e Marcelo (Alex Sandro); Romulo (Paulinho), Ramires, Oscar e Lucas (Jonas); Neymar (Arouca) e Leandro Damião (Hulk). | Khune, Gaxa, Sangweni, Khumalo e Masenamela; Dikgacoi, Furman (Mashego), Tshabalala e Serero (Maluleka); Ndlovu (Benni McCarthy, depois Parker) e Chabangu (Letsholonyane). |
Técnico: Mano Menezes | Técnico: Gordon Igesund |
Gol: Hulk, aos 29 do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Dedé, Marcelo e Hulk (Brasil); Chabangu e Gaxa (África do Sul) | |
Data: 7/9/2012. Local: Morumbi, em São Paulo. Público: 51.538 pessoas. Renda: R$ 3.929.765,00. Árbitro: Nestor Pitana (Argentina). Auxiliares: Diego Bonfa e Gustavo Rossi (Argentina) |
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