O cenário, no entanto, não surpreende o maior astro do país no futebol de salão. Sem economizar nas palavras, Falcão afirma que muitas vezes foi mantido na seleção justamente por pressão dos patrocinadores - versão confirmada por fontes ouvidas pelo GloboEsporte.com. O craque também revela um outro lado da relação entre a CBFS e as empresas que financiavam a Confederação: a soberba do presidente em relação ao poder da entidade na renovação dos contratos.
Falcão era o principal garoto propaganda das marcas que patrocinam a Confederação Brasileira de Futsal (Foto: AP)
banco muda rumo; correios aguardam regularização
A situação com os Correios ainda pode ser revertida, mas revela a seriedade do quadro. A estatal, que patrocinou a CBFS por 10 anos e tinha uso exclusivo da denominação “patrocinador oficial”, alega que está em processo de reavaliação da parceria devido a “pendências na entrega de documentos para comprovação de despesas e fiscalização do processo anterior”. Basta ver os números investidos para entender a resistência da empresa com a renovação. Entre 2012 e 2014 foram repassados R$ 20 milhões para a Confederação.
A Chevrolet não respondeu às solicitações da reportagem, e a Kagiva preferiu não se pronunciar sobre o assunto. A Pulse, fornecedora de material esportivo da seleção, alegou que os valores e cláusulas contratuais são confidenciais e lamentou o rompimento entre atletas e a Confederação. Afirmou, no entanto, que cumprirá o contrato até o fim.
- Entendemos que a relação entre atletas e seleção brasileira é questão exclusiva entre jogadores e Confederação Brasileira de Futsal. Lamentamos o fim de uma história tão rica e vitoriosa, mas respeitamos a decisão de cada um.(...) Nosso contrato é com a seleção brasileira de futsal. Apoiamos esse esporte por conhecer sua força. A formação de astros nessa modalidade é muito grande. Perdemos grandes jogadores, inclusive um dos maiores de todos os tempos, mas outros surgirão. Independentemente de quem vestir essa camisa, pelo menos até o final do contrato, ela será da Pulse – disse a empresa, através de nota.
empresa de marketing evita falar sobre 'calote'
A ESM foi contratada pela CBFS em janeiro de 2013 como parte do plano da diretoria para alavancar a imagem do esporte após a conquista do heptacampeonato mundial na Tailândia. O GloboEsporte.com apurou que, sem receber pagamento pelos serviços prestados, a empresa de marketing encerrou o vínculo e foi cobrar a dívida na Justiça. Procurada pela reportagem, a ESM apenas confirmou que não trabalha mais com a Confederação, mas preferiu manter silêncio sobre a dívida.
A ESM continua a exibir em sua página uma imagem da seleção brasileira de futsal em meio à de outros clientes. Ocorre que a empresa ainda presta serviços à Pulse, fornecedora de material esportivo justamente da CBFS.
'presidente desdenhava de patrocinadores'
Maior ídolo do futsal no país, Falcão vê a exposição da
complicada situação financeira da Confederação com naturalidade. Segundo o
craque, os patrocinadores compartilham as mesmas insatisfações que os atletas
com a atual gestão da entidade e, por mais de uma vez, interferiram
politicamente para que ele fosse mantido na escalação – contrariando o desejo
da instituição, que barrou a escalação de outros atletas com que teve
desavenças.
- Sempre falei da
importância dos patrocinadores para a seleção. E, assim como os jogadores, os
patrocinadores também estavam insatisfeitos com a gestão da Confederação. Em
várias reuniões eu presenciei o Edson (Nogueira, diretor de seleções) desdenhando
dos patrocinadores, dizendo que iria ver com quem ele queria renovar, quando na
verdade era o contrário. Várias
vezes eu fui convocado pelo técnico Ney (Pereira) e fui barrado pelo Edson, mas
por muita pressão dos patrocinadores, acabei entrando. Eu já sabia que seria natural
essa perda de patrocinador, porque estão encerrando o contrato com a
confederação e eu não faço mais parte da seleção, é normal. Mas eu não estou me
preocupando com isso porque fiz as contas, e seu perder todos os meus
patrocinadores, consigo encerrar minha carreira bem, apenas com o meu salário no
clube. Não é o mesmo para a Confederação. Eles precisam disso, precisam do
investimento para manter o futsal em alto rendimento.A versão de Falcão é confirmada por uma fonte ligada à Confederação.
- A história do Falcão não se dar com a Confederação não é de hoje. Os patrocinadores sempre pressionaram para mantê-lo. Como os principais contratos venceram agora, ninguém interferiu desta vez. Vai ficar difícil para eles. Perdendo o maior ícone (do esporte), quem vai patrocinar?
Durante toda a sexta-feira, o GloboEsporte.com tentou ouvir a CBSF. Edson Nogueira, contatado por telefone, preferiu não se pronunciar. A assessoria de imprensa da instituição disse que encaminharia as perguntas enviadas pela reportagem à diretoria, mas até o momento da publicação desta matéria não houve resposta.
Globoesporte.com
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