O Movimento Por Um Futebol Melhor, idealizado por 14 megaempresas brasileiras para alavancar o número de sócios-torcedores nos 45 maiores clubes do Brasil, e assim aumentar as receitas nestas agremiações, comemora o primeiro ano de existência, invocando o que eles chamaram de “números expressivos” sobre o projeto. Os organizadores informam que os sócios-torcedores dos clubes, somados, já passam de 700 mil, gerando uma receita total de R$ 100 milhões. Mas alheios a tudo isto os clubes paraibanos que participam do projeto (Botafogo-PB, Campinense e Treze) não conseguem explorar dele todo o seu potencial.
Os três clubes da Paraíba ocupam posições na parte de baixo do “torcedômetro”, o ranking do Movimento que quase que diariamente é atualizado com o número de sócios-torcedores adimplentes de cada clube. O Belo, por exemplo, o melhor entre os times locais, é apenas o 35º colocado, com 739 associados em dia. A Raposa, por sua vez, é o 37º, com 580. Mas a situação mais precária é a do Galo, que tem irrisórios 16 associados e ocupa a penúltima colocação (à frente apenas do modesto Sertãozinho, do interior paulista, com 10).
A disparidade é grande. A título de comparação, o primeiro lugar da lista é o Internacional, que hoje tem 113.695 associados. Ele é seguido pelo arquirrival Grêmio (75.269) e pelo Flamengo (63.503). São clubes grandes, é verdade, bem maiores do que Belo, Raposa e Galo, mas as equipes paraibanas também ficam atrás de times de mesmo porte, como, por exemplo, Fortaleza, Ferroviário e CSA.
Para entender o aparente problema que afeta os paraibanos, a reportagem conversou com representantes dos três clubes paraibanos que participam do Movimento Por Um Futebol Melhor, para que todos falassem sobre o projeto e sobre o que farão em 2014 com relação aos seus respectivos programas de sócios-torcedores. E os discursos que os três clubes adotam refletem na posição de cada um no ranking.
01
no topo, botafogo adota discurso ousado
- Para mim não é surpresa o Botafogo ser o primeiro lugar entre os paraibanos. E vai continuar sendo. Porque levamos este projeto muito a sério, já que nos permite ter uma renda fixa, mesmo quando estamos sem atividades - declara.
Ele pondera ainda que, no caso do Belo, o torcedor tem uma vantagem a mais que a maioria dos outros clubes, já que o sócio-torcedor botafoguense passa a ter voz ativa também na vida política do clube.
- Diferente de muitos clubes que tem aí, nosso sócio-torcedor tem direito a votar e ser votado. Ele passa a ter voz ativa. E isto é muito bom - completou.
02
sem jogar, campinense perdeu sócios
- Existe uma cultura no torcedor da Paraíba de só ajudar quando o clube está bem. Isso tem que mudar. O clube precisa de até mais ajuda nos piores momentos, que é para ser ajudado a se reerguer - lamenta o dirigente.
Assim, ele diz que a Raposa em 2014 vem inicialmente fazendo um trabalho pelas redes sociais e contactando um a um o torcedor inadimplente para convencê-lo a voltar a contribuir mensalmente com o clube.
- Estamos mostrando ao torcedor os benefícios que ele tem com o Movimento e os descontos que tem na compra de ingresso quando vira um sócio-torcedor em dia. A princípio, portanto, nosso foco está naquele torcedor que já é sócio, mas não vem pagando o benefício mensalmente - explica.
Ele destaca que o objetivo do clube raposeiro é, com o dinheiro do sócio-torcedor, continuar a pagar as dívidas trabalhistas da equipe, para que no futuro sobre mais dinheiro para o time montar equipes cada vez melhores.
03
para treze, sucesso só com parceiros
- O clube não tem competência ou condição para gerir um projeto desse com o profissionalismo que se exige. Caso se aventure, terá prejuízo. E a saída seria uma parceria com uma empresa que tenha mais experiência. Pena que existe uma cultura no Treze que acha que parcerias trazem prejuízo. Se a gente entrega o projeto para uma empresa parceira, acham logo que estamos roubando - declarou Eduardo de forma franca.
Ele explica ainda que, além de tudo isto, o Treze teve um ano atípico em 2013, devido aos problemas que, segundo ele, foram encontrados pela atual gestão.
- O ano passado não é referência para o Treze. Assumimos um clube quebrado e com dívidas na casa de R$ 8 milhões. Tivemos que arrumar a casa. E por isto o projeto de sócio-torcedor não foi prioridade - admite.
Mas engana-se quem espera um ano melhor para o Galo no que diz respeito ao Movimento. Eduardo Medeiros mais uma vez diz sem meias palavras que a situação não deve melhorar muito.
- Para 2014 o problema segue, porque a cultura 'antiparceria' segue. O calendário cheio que teremos vai minimizar muitos dos problemas, mas não acredito que consigamos algo muito diferente no que diz respeito ao programa de sócio-torcedor - conclui.
04
como funciona o movimento
- Oferecemos um 'pacote de serviços' em que, nas compras do dia a dia, o torcedor economiza por mês mais do que paga como mensalidade ao clube. Nosso slogan atual é “não tem como não ser sócio”. Mas se a gente pensar bem, é até estupidez não ser sócio - declara Marcel Marcondes, diretor da cervejaria que lidera o movimento.
Ele diz ainda que o número total de sócios ainda é pequeno para a quantidade de torcedores que cada um destes clubes possui (0,2%), e aumentar esta proporção é a próxima meta do movimento. Mesmo que, a preço de hoje, os números já sejam responsáveis por um faturamento que não pode mais ser descartado.
No caso do Flamengo, por exemplo, o presidente Eduardo Bandeira de Melo diz que o programa de sócio-torcedor do Rubro-Negro já representa a terceira maior fonte de renda do clube, atrás apenas dos direitos de transmissão e da verba repassada pelos patrocinadores. E que, se a projeção para 2014 sobre o aumento do número de sócios for alcançada neste ano, a receita advinda do movimento “roubará” o segundo lugar da verba de patrocínios.
- O Flamengo projeta lucrar R$ 45 milhões apenas em 2014 com isto - aposta.
Globoesporte.com/PB
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