Há uma explicação para que o passaporte brasileiro tenha demorado a ser expedido. A fotografia apresentada nesta sexta-feira não conferia com a imagem da seleção no campeonato, mesmo em jogos em que foi derrotada, como para a Espanha e a Eslovênia, em que perdeu jogando bem.
Irreconhecível, para dizer o mínimo, foi o desempenho da seleção brasileira ao longo da maior parte do primeiro tempo. Desatento ou talvez achando que fosse ganhar o jogo quando e como quisesse, o time verde e amarelo assistia ao Chile jogar. Tanto que com gols de Frelijj (dois), Caniu, Ceballos e E. Salinas, os chilenos abriram três gols de vantagem, em 5 a 2. Mesmo após o pedido de tempo do técnico Jordi Ribera, o que se via era a seleção brasileira dispersiva como ainda não se tinha visto neste campeonato. Errava quase tudo e quando fazia os arremessos, ficava nas mãos do goleiro chileno Barrientos ou acertava a trave. Estava fácil para o Chile que reabriu três pontos de frente em 8 a 5 e sempre se manteve na frente. O máximo que o Brasil conseguia era empatar, sem trer estado na frente no placar em momento algum dos 30 minutos da primeira etapa. A situação só não foi pior para os brasileiros, porque Cesar Bombom, apesar de ter falhado em alguns momentos, defendeu um penalti cobrado por R. Salinas. O primeiro tempo foi mesmo do Chile: 13 a 12.
Num jogo de muitos erros de ambas as equipes, acabavam saindo muitos gols porque as defesas falhavam demais, apesar de a pequena torcida brasileira no Lusail Hall gritar 'Defesa, defesa', quando o Chile atacava. O jogo estava em aberto, não pelo alto nível, mas pelos erros. Um dos donos da noite, João Pedro converteu e repôs a seleção brasileira à frente, em 20 a 19, com 12 minutos. Entretanto, com 18 minutos pela frente, tudo podia acontecer, como o golaço de Gustavo Japa, aos 13 minutos, abrindo pela primeira vez uma diferença de dois pontos pró-Brasil: 21 a 19. Ainda sob tensão e errando muito, o Brasil só conseguiu se impor realmente nos últimos dez minutos, graças à subida de desempenho de Thiagus e à providencial entrada de João Pedro, eleito o craque do confronto. Autor de 5 gols, o camisa 4 era letal nos arremessos, e com isso ajudava a seleção a se desgarrar no marcador. A torcida brasileira e o próprio time só respiraram aliviados, mesmo, quando Valadão balançou as redes aos 23 da segunda etapa: 26 a 22. Enquanto a torcida do Qatar, que havia chegado no intervalo para a partida contra a Bielorrússia, já fazia muito barulho e tocava "Aquarela do Brasil", em quadra o Brasil carimbava seu passaporte para as oitavas de final: 30 a 22.
Fonte: O Globo
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